segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Anjos, Oh, Augusto!
Contaste-me teus versos íntimos.
Mas não contas-te a quem mais deles precisava.
Eu fico a imaginar se eles sabem.
E sofro por saber que te ignoram.
Mas deles precisei, tenho certeza.
É que absorvi tão cedo e rápido
Que fico triste, por não saberem já a minha essência!

Desimportante

O que importa, quem dirá?
É hoje, é mesmo, oxalá.
Não sei o que posso, o que será?
Será que viro um sabiá?

Oh, não, deu certo, não esperava.
Tudo sempre na madrugada
Se desenvolve mas dá em nada.

Não sei obter o que sonhava.
Inusitado, um tapa na cara
A ideia que tinha agora para.

Desacostumamos a ganhar.
O problema é que, quando se perde, não se tem imagem nítida
Do futuro...e isso é o desatino
Do algo maior, que fica a continuar.

Químico Expectando

Professor, a Química é tão difícil!
Não passa um semestre sem que eu queira me jogar de um precipício!
O que devo fazer pra aprender?
Às vezes esqueço até Lavoisier!


Ah, se tudo fosse como num livro!
Mas a prática tem sempre um desconhecido!
O que devo fazer pra acertar?
Se às vezes esqueço até de a massa pesar!

O Laboratório é cansativo!
Lava, lava! Esfrega, esfrega!
E as aulas teóricas, ah, que desperdício!

A biblioteca cansei de habitar!
Xeroca isso! Empresta aquilo!
E o sistema, eu cansei de acessar!

Será que um dia vou me formar,
E uma pêra decente poder usar?

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Crítica: "Enquanto Agonizo" de William Faulkner

Terminei há uma semana de ler Enquanto Agonizo e fiquei instigada a uma análise da obra de Faulkner e dos recursos literários utilizados por ele. Por isso, fui obrigada a escrever a minha primeira crítica no blog. Confesso que fui desonesta... li duas críticas antes de escrever a minha, mas Faulkner não é de opinião fácil e toda crítica ajuda.

Em Enquanto Agonizo, Faulkner reúne impressões, pensamentos e diálogos através de monólogos de 15 pessoas para mostrar o perfil psicológico de uma família que conduz o corpo da matriarca Addie Bundren ao cemitério em outra cidade, de forma a cumprir seu último desejo.O marido e os cinco filhos partem com o caixão determinados a cumprir seu objetivo, mas o que parece simples não o é. E não são apenas as barreiras físicas, como duas pontes que caem devido à uma tempestade, que dificultam o enterro, mas as diferenças existentes entre os membros da família, que vão se tornando mais claras para nós, leitores, à medida que são relembradas ou discutidas pelos filhos, o pai ou alguém que aparece no caminho.

Percebi no decorrer da leitura o recurso literário usado por Faulkner e o achei curioso: descrever a criação dos pensamentos dos personagens à medida que vão sendo criados por eles, ou seja, se o pensamento ficar pela metade, Faulkner é ousado o suficiente para deixá-lo assim nas páginas do livro. O nome disso é, apresento-lhes (acabei de descobrir), stream-of-consciousness(!). Descobri também que Virginia Woolf e James Joyce (quem é esse?) são autores que utilizam esta técnica, um tanto enfadonha pelas descrições nada ordenadas, onde tempo, espaço e formas se misturam, mas que Faulkner consegue oferecê-la de uma forma interessante (não li Woolf ou Joyce pra saber se têm a mesma sorte). 

Além do stream-of-consciousnesscada capítulo da história é narrado em primeira pessoa por algum personagem e, como são muitos personagens, são várias as primeiras pessoas nos informando sobre o que acontece ao seu redor e em seu interior. Faulkner usa brilhantemente essas técnicas para tornar mais dinâmica a exposição da dificuldade de relações existente na família (inexiste em alguma?).Eu diria, ainda, que são as cartas em suas mangas, já que o livro seria quase comum se não as tivesse.

O eixo da roda do artigo de Silviano Santiago para folha:
"Os monólogos são de responsabilidade do marido e dos cinco filhos de Addie, bem como dos vizinhos com quem mantêm laços de amizade. [...] No tempo do enquanto, o que é tido como superficial no calendário das pequenas ações e conversas do cotidiano passa a calar fundo graças às reminiscências. O monólogo que constitui um personagem leva água para o monjolo do outro. Na família, cada um é diferente do outro e são todos iguais

[...] Na literatura francesa, cartesiana por definição, o narrador/ personagem da prosa introspectiva tem de ser inteligente, capaz de destrinchar sentimentos e emoções que constituem o sujeito no mundo, ao lado de pares cujo maior prazer é se exercitarem na perversidade e sutileza dos jogos sociais aristocratizantes.

Faulkner não tem medo de usar o monólogo quando o personagem é destituído de raciocínio lógico. Seus colegas de ofício, como Hemingway ou Steinbeck, preferem imitar a técnica do romance policial. Ambos se valem dos recursos da psicologia comportamental (behaviorista) que lhes é proposta por William James e seus seguidores. Nada de vida íntima nos romances dos expoentes da geração perdida europeizada, tudo é ação e gesto. Faulkner trata a brutalidade de outra forma. Ele é o detetive da intimidade caipira. Devassa-a para descobrir (e mostrar) seres tão complexos na sua fúria de viver quanto os citadinos. [...] Estão diante de seres ignorantes, violentos e brutos, mas ao mesmo tempo extremamente sensíveis, capazes duma fala profética e poética modelar, como é o caso, respectivamente, de Darl e Vardaman. Uma baforada de ar do campo abre as janelas e varre os salões cosmopolitas. [...]"

Através dessa breve crítica, descobri por quê Faulkner chamou-me atenção:  "Faulkner narrou a decadência do sul dos Estados Unidos da América, interiorizando-a em seus personagens, a maioria deles vivendo situações desesperadoras no condado imaginário de Yoknapatawpha.", ou seja, utilizou da introspecção em seus personagens para mostrar, de forma sensível, uma dura realidade. E é isso que tem de ser feito: embelezar um problema social de forma a torná-lo visível à quem não vê nada além da beleza, ou à nós, que preferimos a arte! (é muita poesia!)


Não posso deixar de citar as críticas que li e que me funcionam como referência.Primeiro essa que é mais uma breve opinião de um leitor: catalisecritica.wordpress.com/2010/04/28/enquanto-agonizo-william-faulkner/#comment-2101

E essa mais completa, de ótima qualidade:

sábado, 14 de abril de 2012

Toby

* 26/05/99
+ 18/11/11

Foi tão alegre e carinhoso
Que a cada hora sentimos falta
Do olhar tenro e amoroso
Que agora só o seu nome já exalta.

Vá em paz, Toby querido.
Que gostava tanto de comer!
E sempre foi um bom amigo.
De você, jamais vamos nos esquecer...

Milionésimo Insight em Hora de Estudo

Então, de repente, olhou aquilo com outros olhos. Emprestou os olhos de sua mãe, de seu pai, de sua avó e até de sua tia preconceituosa e viu uma nova função para aquilo tudo. Como podia passar tantos anos ao lado daquilo e não perceber a sua função? É por isso que as coisas tem que ser conservadas. O fato é que o tempo passou, mas ainda podemos dar sentido a tudo. Afinal, se algo não é utilizado, simplesmente perde o sentido de ser, como diria Clarice. Mas agora, para de fato conferir sentido àquilo, é necessária disposição para lembrar-se dela e isso é algo extremamente difícil. Disposição é quase curiosidade científica, mas ultimamente eu prefiro simplesmente dizer: “É assim porque Deus quis e ponto”, às vezes eu digo sem o “ponto” quando estou de bom humor. O porém é que é justamente a curiosidade, ou outra palavra que transmita esse sentimento aguçador maluco, a roda da vida. Por isso, enquanto estudantes loucos e felizes estudarem, estará tudo bem, mas quando eles pararem...ah, parou-se o mundo!

domingo, 15 de janeiro de 2012

Rabiscos de uma Madrugada de Março

Eu acho que eu desisto, é isso aí.
Tanto tempo sem escrever, sem filosofar.
Exatas é um campo difícil de definir...
Faz você recusar a poesia e a literatura a que contraiu.
É difícil quando não temos um papel pra rabiscar
Uma poesia pro tempo passar.
Mas o pior é quando da nossa imaginação não podemos usar,
Pois toda a matéria furta-a para se memorizar
E no craniano ficamos apenas a:
-
-
-
Consolidar!

Brilho Distante

Mateus sentia o frio da manhã

Todos os dias, enquanto comia a sua verde maçã.

Ele era alto e gelado

Decerto, o seu crescimento fora descontrolado.

A questão era que Mateus odiava existir

Por quê ele sempre tinha que sorrir?


Então, um certo dia Mateus decidiu

Arrumaria a sua mochila e partiria do Brasil.

Mas lembrou-se de sua mãe

O que seria dela? Ele amava tanto mamãe!

Uma carta escreveu com uma explicação

Disse: "Mãe, eu te amo, mas a vida aqui não tem razão".

A mãe chorou e adoeceu

Enfim percebera que a sua criança cresceu.


Para a Itália Mateus partiu

Levou uma mochila, pouco dinheiro e o seu eu-medroso que um dia existiu.

Alegrou-se por não ter que existir

Ah, como era doce o seu silencioso elixir.

Deu vida aos olhos e explosão aos sentidos

Era o gosto de se exibir perante os desconhecidos.

Enfim entendeu a razão de viver

A vida nada mais era do que deixar acontecer.


Mateus escreveu: "Minha mãe querida,

Explorar novos lugares e fazer a própria comida

Pode parecer trabalhoso, mas ensinaste-me bem

Que é mais venturoso aquele que vai além.

Daqui vou prosseguir até a minha força estar esgotada

Um beijo e não me espere acordada".

Rir é Necessário

Eu amo pessoas honestas,

Simples, que falam português de verdade.

"É memo, num é?" dizem as pessoas corretas.

Não que as outras não sejam, mas dessas eu sinto mais saudade...


Arrogância não é comigo,

Risar-se-ar* com um amigo

Ou jogar-se na lua,

Caminhando maravilhado pela rua.


É simples, a vida,

Porque bom humor é muito necessário.

Desse jeito torna-se fácil a ida,

E só quem não quer não é mesário!


Vam'bora, isso tem que ter,

Porque o sonho é necessário.

Aqui não quero sempre amanhecer,

Muito menos ter a maquinária rotina de um empresário!


*Segundo a poética, rir esplendorosamente; De tanta alegria, surge risar-se-ar.

Calmaria

Quatro horas da manhã...
Mas não citarei a bohêmia.
Vou dormir e mamãe censurará que já é amanhã.
Eu direi que isso faz parte da mordomia.

Sangue, pra não perder o costume.
Mas só nos filmes premiados, isto é, drama sem terror.
As estantes rangem não aguentando o volume.
Apesar do disco rígido imenso eu gosto do calor.

Tristeza. Só um pouquinho.
Quando Quaresma e Macunaíma morrem.
O silêncio propicia a mim, o leitorzinho.
Eu acho que a eternidade é só do homem.

Musicar sem limites.
Comer com os seus.
Que as férias sejam infindes,
Assim como...

Victório Sarkis

He was kind, he was generous, A truly gentleman. He was my man, he was gorgeous, A real trust man. Great adventures we had toget...