Duas jovens,apesar dos nomes mais apegados à idosas,discutem num tom aparentemente calmo.
Lucinda: - Maldição!......
Clotilde: - Desnecessário...desnecessário!
Lucinda: - O que eu faço agora?-Lucinda se descabela e chora.
Clotilde: - Calma Lu,calma.Não adianta você ficar assim,agora é estudar mais ano que vem.
Lucinda: - Mas ele,aquele professor ultrapassado,não me passou por 0,25!-Lucinda grita e chora ainda mais,nervosa.
Clotilde: - Ele é um idiota mesmo,cretino total!
Lucinda: - Tomara que ele fique doente,que tenha lepra!-Agora grita louca.
Clotilde: - É mesmo,ele merece!
O vizinho do bloco da frente observa-as.Duas meninas sentadas uma de frente à outra em uma mesa redonda de mogno.Com xícaras nas mãos.Devia ser café,ou chá,por ser um dia fresco.Mas era café,com certeza.Final de ano,estresse,a gente acaba precisando dessas coisas que tem o grupo amina,afinal o grupo amina deixa a gente ligado.O vizinho era químico e sempre pensava essas coisas quando analisava as pessoas ou xeretava mesmo.
Lucinda,vestida com uma camiseta baby look branca,engasga.Sua garganta tapa repentinamente;ela cai no chão e fica cada vez mais azul.
Manchete do dia seguinte:"Moça azul,camiseta branca manchada de preto".Afinal era café,pensa o químico.
sexta-feira, 10 de dezembro de 2010
domingo, 28 de novembro de 2010
Chuvisco
Logo será a morte.Eu penso.
Não que eu seja mórbida.Eu corro.
A vida é um suspiro.Imenso.
Na hora em que descobria.Eu morro.
-----------------------------------------------------------
Não tenho tempo para estudar.Dispenso.
O futuro é bem incerto.Eu grito.
A lista é muito grande.Extenso.
Na hora do vamos ver.Eu facilito.
-----------------------------------------------------------
Não tenho questionamentos.Invento.
Bato sem correr.Apanho.
Escolho só descansar.Momento.
Não tenho medo da morte.Estranho.
-----------------------------------------------------------
Vivi cada momento.Intenso.
Lembrei do teu troféu.Bem quisto.
Chegou e eu entrei.Sem senso.
Acabou sem eu pensar.Existo?
sexta-feira, 29 de outubro de 2010
O Átomo
Dê e Lê bolaram tudo juntos.
Platão e Ari assim se revoltaram.
A Química atrasou-se apenas 2000 anos.
E um perfumadinho lembrou-se do átomo.
-----------------------------------------------------------
Dalton, que gênio! fez uma teoria.
Dalton, que gênio! fez uma teoria.
Thomson, guloso, transformou-a em comida.
Rutherford, grande Rutherford! O núcleo encontrou quando co’a radiação brincou.
E Chad... o nêutron isolou.
O modelo atômico clássico então se confirmou.
O elétron era magrinho, mesmo assim amava o próton. O nêutron não gostou e logo o orbitou.
Bohr em estudos se baseou e nas camadas se aventurou.
Até que enfim essa rima acabou... e então uma nova se iniciou!
-----------------------------------------------------------
Bro precebe a propriedade do elétron e a da onda e então formula... o Princípio da Dualidade!
Bro precebe a propriedade do elétron e a da onda e então formula... o Princípio da Dualidade!
Mais dois cientistas surgem, mas um era deveras incerto e o outro mais ainda complexo.
Apesar de todo o esforço de todo cientista meio louco, o átomo continua sendo o mistério da humanidade e apenas uma partícula falaria a verdade... Nem a de Zeus, apenas a Partícula de Deus!
Permanência Falada
Tenho tanto pra dizer que não digo.
Dizer pouco é pior que ser vivo.
Viver mata e dizer é o abrigo
Das promessas do falsário ativo.
Quer ir embora daqui?
Pergunta com o hirsuto cabelo esvoaçante.
Não, minha sina é aqui,
Respondo com uma certeza inconstante.
Volto a tentar falar e me queimo.
A ardência lateja e afronta.
Tento me expressar, mas termino ermo.
A mesmice enlouquece e amedronta.
E agora, quer ir embora?
Não... meu passado é meu destino.
Minha dor é minha hora.
A persistência... meu desatino.
Dizer pouco é pior que ser vivo.
Viver mata e dizer é o abrigo
Das promessas do falsário ativo.
Quer ir embora daqui?
Pergunta com o hirsuto cabelo esvoaçante.
Não, minha sina é aqui,
Respondo com uma certeza inconstante.
Volto a tentar falar e me queimo.
A ardência lateja e afronta.
Tento me expressar, mas termino ermo.
A mesmice enlouquece e amedronta.
E agora, quer ir embora?
Não... meu passado é meu destino.
Minha dor é minha hora.
A persistência... meu desatino.
sábado, 16 de outubro de 2010
Declaro Brasil (Poesia Musical)
A vida, o que é a vida?
Apenas uma corrida, uma corrida.
A vida, o que é a vida?
Mais uma despedida, uma despedida.
Me diga, me diga Frida.
Mas me diga, me diga lá.
Como fizeste para ser... a menina que não soy cá?
Mendiga, mendiga Pedro,
Pois uma pedra no caminho há.
Não pare, não pare nunca,
Pois aqui sou um marajá.
Brasil, meu brasileiro.
Troquei meu rock'n roll por um pandeiro.
Política hoje vivi,
Porque o melhor guardei pra ti.
Surpresa, surpresa, surpresa
Madalena ganhou na dezena!
Vam'bora, vam'bora, vam'bora
Comprar bota e ir pra Pirapora.
Que agora, que agora, que agora
É que eu preciso da minha viola!
Já sabe, já sabe, já sabe meu país.
Se ganhar algo de ti...ou se não
Mesmo por aqui eu ficarei,
Porque te gosto e minha paz é saber: que teu futuro promoverei!
Apenas uma corrida, uma corrida.
A vida, o que é a vida?
Mais uma despedida, uma despedida.
Me diga, me diga Frida.
Mas me diga, me diga lá.
Como fizeste para ser... a menina que não soy cá?
Mendiga, mendiga Pedro,
Pois uma pedra no caminho há.
Não pare, não pare nunca,
Pois aqui sou um marajá.
Brasil, meu brasileiro.
Troquei meu rock'n roll por um pandeiro.
Política hoje vivi,
Porque o melhor guardei pra ti.
Surpresa, surpresa, surpresa
Madalena ganhou na dezena!
Vam'bora, vam'bora, vam'bora
Comprar bota e ir pra Pirapora.
Que agora, que agora, que agora
É que eu preciso da minha viola!
Já sabe, já sabe, já sabe meu país.
Se ganhar algo de ti...ou se não
Mesmo por aqui eu ficarei,
Porque te gosto e minha paz é saber: que teu futuro promoverei!
Rezar é uma Boa Ação
Alguém me disse que viu uma estrela:
Era Planeta não era Cadente.
Esta pessoa era desse planeta;
Não via Cristo mas se dizia boa crente.
Quem é que faz esse mundo ser nosso?
Quem é que diz amém ao irmão?
Não sei bem se agradeço o pão vosso
Ou se devoro essa ceia, sem paixão.
Quando é que devo rezar o pai nosso?
É na desgraça ou na desilusão?
Agradeço sempre que posso,
Mas na alegria tenho maior inspiração.
Então já era, o dia inglório
Do Tarantino e da nossa missão.
É isso aí, minha beleza, meu simplório...
Não basta apenas rezar pelo nosso pão!
Era Planeta não era Cadente.
Esta pessoa era desse planeta;
Não via Cristo mas se dizia boa crente.
Quem é que faz esse mundo ser nosso?
Quem é que diz amém ao irmão?
Não sei bem se agradeço o pão vosso
Ou se devoro essa ceia, sem paixão.
Quando é que devo rezar o pai nosso?
É na desgraça ou na desilusão?
Agradeço sempre que posso,
Mas na alegria tenho maior inspiração.
Então já era, o dia inglório
Do Tarantino e da nossa missão.
É isso aí, minha beleza, meu simplório...
Não basta apenas rezar pelo nosso pão!
Permissividade
Me permita, Deus, que eu tenha a tristeza,
Pois é dela que tiro toda a minha pureza.
Também despense-me o inusitado,
Que é tão fresco, renovante e misteriosamente solitário.
Desculpe se incomodo o senhor com minha destreza,
Mas é que só assim posso preservar a minha beleza.
Ouvi, certa vez, que julgaram pessoas de loucas por não ouvirem a música que elas dançavam.
Devia ser Nietzsche, não sei, mas creio que aquelas pessoas não se amavam.
Me permita, meu Deus, que eu tenha a liberdade,
Pois é dela que tiro toda a minha vontade.
Me perdoe, Deus meu, se desperdiçar o meu tempo...
Mas é que a vida passa como o vento!
Pois é dela que tiro toda a minha pureza.
Também despense-me o inusitado,
Que é tão fresco, renovante e misteriosamente solitário.
Desculpe se incomodo o senhor com minha destreza,
Mas é que só assim posso preservar a minha beleza.
Ouvi, certa vez, que julgaram pessoas de loucas por não ouvirem a música que elas dançavam.
Devia ser Nietzsche, não sei, mas creio que aquelas pessoas não se amavam.
Me permita, meu Deus, que eu tenha a liberdade,
Pois é dela que tiro toda a minha vontade.
Me perdoe, Deus meu, se desperdiçar o meu tempo...
Mas é que a vida passa como o vento!
O Homem
O homem desfila sorridente em seu automóvel financiado
Mal sabe que há vida desenvolvendo-se em um planeta próximo ao meu.
Aquele homem gosta de hablar em seu celular pirateado
Abdica de seus pensamentos como à religião um ateu.
Sinto uma explosão por ele
A explosão é assim: piedade, ódio, descrença.
Um furacão aparece no televisor dele
Os jornalistas culpam o aquecimento global e o homem ri do velho fenômeno de sua nascença.
"Procura algum livro específico, senhor?"
O homem não lê... a vida é feita para comer.
"Muito obrigado, volte sempre senhor"
O homem ignora a lealdade... a vida é feita para se desconhecer.
O televisor afirma que o Brasil constituirá uma potência econômica global
O homem se engasga com seu próprio falecimento.
"No dia em que esse país for alguma coisa, eu morro... promessa de cidadão nacional!"
Afinal o homem não era de todo ruim... fez da morte o seu cumprimento!
Mal sabe que há vida desenvolvendo-se em um planeta próximo ao meu.
Aquele homem gosta de hablar em seu celular pirateado
Abdica de seus pensamentos como à religião um ateu.
Sinto uma explosão por ele
A explosão é assim: piedade, ódio, descrença.
Um furacão aparece no televisor dele
Os jornalistas culpam o aquecimento global e o homem ri do velho fenômeno de sua nascença.
"Procura algum livro específico, senhor?"
O homem não lê... a vida é feita para comer.
"Muito obrigado, volte sempre senhor"
O homem ignora a lealdade... a vida é feita para se desconhecer.
O televisor afirma que o Brasil constituirá uma potência econômica global
O homem se engasga com seu próprio falecimento.
"No dia em que esse país for alguma coisa, eu morro... promessa de cidadão nacional!"
Afinal o homem não era de todo ruim... fez da morte o seu cumprimento!
Analogamente?
A palavra perdeu-se nela...
Exasperou-se em júbilo,
Ao pensar que a rima furtava seu pensamento por uma janela.
Mas que frustração, pior que ter e mimar um tal pupilo!
Acelerou os seus afazeres por sentir que à poesia necessitava egurgitar.
Promoveu os objetos necessários para ir à quarta dimensão.
Só não esperava que seu estômago pudesse se manifestar:
Faminto e enrugado, acabou consumindo toda a poética para acalmar a sua inquietação.
O estilo vêm do estômago, ora!
A letra é forte, pra quem não tem gastrite!
A escrita não vêm do coração porque ele demora...
Sente, é descente!até não haver mais apetite!
Postular é criticamente escrevido.
Posto que a escrita é crescida no centro
E a ação faz-se na periferia do desabrigo...
Resta ao povo,intermédio desse átomo, filosofar... acerca de uma sociedade sem um consenso!
Exasperou-se em júbilo,
Ao pensar que a rima furtava seu pensamento por uma janela.
Mas que frustração, pior que ter e mimar um tal pupilo!
Acelerou os seus afazeres por sentir que à poesia necessitava egurgitar.
Promoveu os objetos necessários para ir à quarta dimensão.
Só não esperava que seu estômago pudesse se manifestar:
Faminto e enrugado, acabou consumindo toda a poética para acalmar a sua inquietação.
O estilo vêm do estômago, ora!
A letra é forte, pra quem não tem gastrite!
A escrita não vêm do coração porque ele demora...
Sente, é descente!até não haver mais apetite!
Postular é criticamente escrevido.
Posto que a escrita é crescida no centro
E a ação faz-se na periferia do desabrigo...
Resta ao povo,intermédio desse átomo, filosofar... acerca de uma sociedade sem um consenso!
sábado, 4 de setembro de 2010
We are so Fully
E se...?
There isn't not!
E se...?
How fully is a lot?
A laugh, a painfull
Can lend me handfull?
Why kiss, why sex
If we can't stand a relax?
Time, time, time
Oh, God! I can't blame you
Find, find, find
Because I don't have a prêmio!
Can...? Don't? We don't rest in piece
Vem...? Não? Eu não posso repetir
Why...we? If I am so fully
Why...me? Cause we have a luvy*
*Na mente da poética, o amor representado em uma expressão ainda mais carinhosa.
There isn't not!
E se...?
How fully is a lot?
A laugh, a painfull
Can lend me handfull?
Why kiss, why sex
If we can't stand a relax?
Time, time, time
Oh, God! I can't blame you
Find, find, find
Because I don't have a prêmio!
Can...? Don't? We don't rest in piece
Vem...? Não? Eu não posso repetir
Why...we? If I am so fully
Why...me? Cause we have a luvy*
*Na mente da poética, o amor representado em uma expressão ainda mais carinhosa.
Desfaceja
Sempre fora tão atenta e solícita
Que certo dia perdeu-se em terror.
Era sujo, escuro e lotado
De vasta gente com muita dor.
Era estranho ser tão feia e achar-se bela
Quanto custa o sofrer da dor?
Era esplêndido o seu esforço e a sua ideia
Para servir ao casto e ao sofredor.
Deu-se dada na primeira hora
Era muita boca pra pouco amor.
Viu-se fera no terceiro ato
Era o excesso de conhecimento transformando-a em horror.
A figura desfazendo-se, o odor exalando-se
Um viva à amina da putrefação!
A fera surgindo, o amor corroendo-se
Creio que era o fim daquela vasta Nação...
Que certo dia perdeu-se em terror.
Era sujo, escuro e lotado
De vasta gente com muita dor.
Era estranho ser tão feia e achar-se bela
Quanto custa o sofrer da dor?
Era esplêndido o seu esforço e a sua ideia
Para servir ao casto e ao sofredor.
Deu-se dada na primeira hora
Era muita boca pra pouco amor.
Viu-se fera no terceiro ato
Era o excesso de conhecimento transformando-a em horror.
A figura desfazendo-se, o odor exalando-se
Um viva à amina da putrefação!
A fera surgindo, o amor corroendo-se
Creio que era o fim daquela vasta Nação...
quinta-feira, 22 de julho de 2010
Na Trajetória de Sant Lucy
Voltamos novamente à estaca zero.
-Por que diz isso, Robert?
-Você sabe muito bem, Stan.
-Haha... você não deveria ser tão pessimista. Afinal, envelhecemos mais. Isto já é alguma coisa.
-Só se você se referir ao INSS, Stan.
Esse diálogo vazio deu-se num apartamento dos Blocos Residenciais de Sant Lucy, na nublada cidade de Nova América. Não sabemos muito bem, ainda, o que levou esses dois homens a ter esse diálogo, não é mesmo? E isso aqui não é como o filme "Mais Real que a Ficção", então vamos à estaca zero.
---------------------------------------------------------------------------
Stan era um fanfarrão, bem, ainda o é, mas agora está mais para um velho beberrão. Dedicara toda a sua vida à química e à busca da Verdade Absoluta. Está certo que uma parte da população também dedica a sua vida à essa mesma busca ingrata e Stan não diferia-se dessas pessoas, afinal sua dupla fita helicoidal de DNA não era nada exclusiva. Contudo, esse homenzinho realmente tinha algo de especial, afinal quem é que se casa com uma mulher negra, pobre e estupidamente burra apenas por amor?(Se um de meus leitores tão assíduos tiver esssa resposta, que me comunique imediatamente, por favor).
Mary era o nome dela. Dela. Dela. Dela.
(Isso ficou na cabeça de Stan por dois meses).
Até que um certo dia, de repente, não mais que de repente, o ainda jovem Stan a viu na calçada mais longa de seu caminho. Ela vinha com um sorriso na cara, decerto recebera algum elogio ou simplesmente alguma atenção de alguém. Essa gente não estava acostumada a se sentir bem, diriam os nazi-fascistas. Stan gostou do que viu e decidiu cumprir o que prometera a si mesmo dois meses antes. Se visse o sorriso de Mary, que ele suspeitava existir, falaria com ela. Não se sabe se foi apenas o estômago de Stan ou se todos os seus órgãos resolveram guiá-lo àquela conversa, porque ele caminhou quase como viera ao mundo, sem rumo, mas vestido.
---------------------------------------------------------------------------
-Quer casar comigo e fugir daqui?
Mary pensou ter ouvido mal, nem preciso explicar-vos o por quê. Stan piscava insistentemente os olhos, como se desejasse que a amada respondesse logo.
Respiração. Respiração. Respiração.
Calma. Calma. Calma. Calma!
Mary respondeu, não com a voz que queria, mas com uma pior, que ela logo pensou 'que voz podre' ao acabar de executar a fala. Mas isso foi justificável, não apenas isso como também todos os erros desse dia. Tudo o que é ao vivo é pior. E a vida é agora,meus amigos!
---------------------------------------------------------------------------
-Como ele vai se chamar?
-Robert!
-Por quê?
-Eu tive um mestre com esse nome. Gostava muito dele, até que ele me traiu, mas esse Robert vai me ajudar...e muito.
-Está bem, Stan.
-Tudo bem pra você, Marylove?
-Não precisa nem perguntar, Stan. Eu te amo e isso já te dá direito de escolher muitas coisas sem me consultar.
O triste é que Mary não recebia uma parcela de amor a cada vez que uma pessoa interferia em sua vida.
---------------------------------------------------------------------------
Robert estava cansado. Stan continuava com um sorriso na face em busca da Verdade. A questão, amigos, é que Stan chegou bem próximo Dela. Mas ser vizinho dela não necessariamente significa conhecê-la.
A vida no Sant Lucy continuava a mesma, com exceção de Mary, que havia desaparecido. O tempo permanecia nublado, as nuvens estavam cada vez mais inertes. E, mesmo assim, Stan agradecia sorridentemente por cada dia que abria as pálpebras.
---------------------------------------------------------------------------
Algo se repetiu, não se sabe se foi parte de um ciclo ou apenas uma peça do efeito dominó, que não tem início ou fim. Uma pessoa chegou tão próximo da Verdade quanto possível e ela terminou por desaparecer. As pessoas ao redor inicialmente contagiam-se com a vontade de seus semelhantes de encontrá-la, mas terminam por julgá-los como loucos por não obterem uma recompensa palpável.
---------------------------------------------------------------------------
Os seres ao redor cansam-se, mas o que é melhor: cansar-se por buscar algo que não tem existência comprovada ou cansar-se por despreender julgamentos às pessoas que caminham no sentido de algo com existência duvidosa?
---------------------------------------------------------------------------
Vocês, caros leitores, já devem ter escutado que o importante é caminhar no sentido certo. Um físico adicionaria, ainda, que não importa a intensidade dessa velocidade.
---------------------------------------------------------------------------
A questão é que a Verdade é simples, muito simples...
-Por que diz isso, Robert?
-Você sabe muito bem, Stan.
-Haha... você não deveria ser tão pessimista. Afinal, envelhecemos mais. Isto já é alguma coisa.
-Só se você se referir ao INSS, Stan.
Esse diálogo vazio deu-se num apartamento dos Blocos Residenciais de Sant Lucy, na nublada cidade de Nova América. Não sabemos muito bem, ainda, o que levou esses dois homens a ter esse diálogo, não é mesmo? E isso aqui não é como o filme "Mais Real que a Ficção", então vamos à estaca zero.
---------------------------------------------------------------------------
Stan era um fanfarrão, bem, ainda o é, mas agora está mais para um velho beberrão. Dedicara toda a sua vida à química e à busca da Verdade Absoluta. Está certo que uma parte da população também dedica a sua vida à essa mesma busca ingrata e Stan não diferia-se dessas pessoas, afinal sua dupla fita helicoidal de DNA não era nada exclusiva. Contudo, esse homenzinho realmente tinha algo de especial, afinal quem é que se casa com uma mulher negra, pobre e estupidamente burra apenas por amor?(Se um de meus leitores tão assíduos tiver esssa resposta, que me comunique imediatamente, por favor).
Mary era o nome dela. Dela. Dela. Dela.
(Isso ficou na cabeça de Stan por dois meses).
Até que um certo dia, de repente, não mais que de repente, o ainda jovem Stan a viu na calçada mais longa de seu caminho. Ela vinha com um sorriso na cara, decerto recebera algum elogio ou simplesmente alguma atenção de alguém. Essa gente não estava acostumada a se sentir bem, diriam os nazi-fascistas. Stan gostou do que viu e decidiu cumprir o que prometera a si mesmo dois meses antes. Se visse o sorriso de Mary, que ele suspeitava existir, falaria com ela. Não se sabe se foi apenas o estômago de Stan ou se todos os seus órgãos resolveram guiá-lo àquela conversa, porque ele caminhou quase como viera ao mundo, sem rumo, mas vestido.
---------------------------------------------------------------------------
-Quer casar comigo e fugir daqui?
Mary pensou ter ouvido mal, nem preciso explicar-vos o por quê. Stan piscava insistentemente os olhos, como se desejasse que a amada respondesse logo.
Respiração. Respiração. Respiração.
Calma. Calma. Calma. Calma!
Mary respondeu, não com a voz que queria, mas com uma pior, que ela logo pensou 'que voz podre' ao acabar de executar a fala. Mas isso foi justificável, não apenas isso como também todos os erros desse dia. Tudo o que é ao vivo é pior. E a vida é agora,meus amigos!
---------------------------------------------------------------------------
-Como ele vai se chamar?
-Robert!
-Por quê?
-Eu tive um mestre com esse nome. Gostava muito dele, até que ele me traiu, mas esse Robert vai me ajudar...e muito.
-Está bem, Stan.
-Tudo bem pra você, Marylove?
-Não precisa nem perguntar, Stan. Eu te amo e isso já te dá direito de escolher muitas coisas sem me consultar.
O triste é que Mary não recebia uma parcela de amor a cada vez que uma pessoa interferia em sua vida.
---------------------------------------------------------------------------
Robert estava cansado. Stan continuava com um sorriso na face em busca da Verdade. A questão, amigos, é que Stan chegou bem próximo Dela. Mas ser vizinho dela não necessariamente significa conhecê-la.
A vida no Sant Lucy continuava a mesma, com exceção de Mary, que havia desaparecido. O tempo permanecia nublado, as nuvens estavam cada vez mais inertes. E, mesmo assim, Stan agradecia sorridentemente por cada dia que abria as pálpebras.
---------------------------------------------------------------------------
Algo se repetiu, não se sabe se foi parte de um ciclo ou apenas uma peça do efeito dominó, que não tem início ou fim. Uma pessoa chegou tão próximo da Verdade quanto possível e ela terminou por desaparecer. As pessoas ao redor inicialmente contagiam-se com a vontade de seus semelhantes de encontrá-la, mas terminam por julgá-los como loucos por não obterem uma recompensa palpável.
---------------------------------------------------------------------------
Os seres ao redor cansam-se, mas o que é melhor: cansar-se por buscar algo que não tem existência comprovada ou cansar-se por despreender julgamentos às pessoas que caminham no sentido de algo com existência duvidosa?
---------------------------------------------------------------------------
Vocês, caros leitores, já devem ter escutado que o importante é caminhar no sentido certo. Um físico adicionaria, ainda, que não importa a intensidade dessa velocidade.
---------------------------------------------------------------------------
A questão é que a Verdade é simples, muito simples...
Loucura
-Mamãe, a senhora é louca?
-Não, meu filho... por quê?
-Eu queria que a senhora fosse louca.
-Não fale besteira filho!
-A professora disse que os loucos são felizes...
-Como ela pode saber?
-Ela estudou. Ela disse que eles dão vida às suas vontades e, por isso, não fazem nada do que não querem.
-Mas nós também não fazemos coisas que não queremos.
-Eu sei que a gente faz, mamãe. Eu vi a senhora com o papai e eu ouvi a senhora ao telefone.
-Ah, aquilo não foi...
-Os loucos conversam apenas com outros loucos, mamãe, porque as pessoas normais não gostam de pessoas excêntricas, foi o que a professora disse.
-Pode ser filho, mas isso significa que eles são solitários.
-Não, mamãe, pelo contrário, isso significa que eles devem ter assuntos maravilhosos. Como eles expressam tudo o que pensam, devem se aprofundar em assuntos muito interessantes.
-Como quais assuntos, filho?
-A existência microscópica de bactérias da tristeza e da alegria. A senhora já reparou que coça quando a gente tem um desses sentimentos ao extremo?
-A professora disse isso, filho?
-Não mamãe... Mamãe?
-O quê, filho?
-Acho que eu sou louco...
-Não, meu filho... por quê?
-Eu queria que a senhora fosse louca.
-Não fale besteira filho!
-A professora disse que os loucos são felizes...
-Como ela pode saber?
-Ela estudou. Ela disse que eles dão vida às suas vontades e, por isso, não fazem nada do que não querem.
-Mas nós também não fazemos coisas que não queremos.
-Eu sei que a gente faz, mamãe. Eu vi a senhora com o papai e eu ouvi a senhora ao telefone.
-Ah, aquilo não foi...
-Os loucos conversam apenas com outros loucos, mamãe, porque as pessoas normais não gostam de pessoas excêntricas, foi o que a professora disse.
-Pode ser filho, mas isso significa que eles são solitários.
-Não, mamãe, pelo contrário, isso significa que eles devem ter assuntos maravilhosos. Como eles expressam tudo o que pensam, devem se aprofundar em assuntos muito interessantes.
-Como quais assuntos, filho?
-A existência microscópica de bactérias da tristeza e da alegria. A senhora já reparou que coça quando a gente tem um desses sentimentos ao extremo?
-A professora disse isso, filho?
-Não mamãe... Mamãe?
-O quê, filho?
-Acho que eu sou louco...
Inda nessa Indagação?
Lembrei-me, lembrei-me, lembrei-me
Eu sou outra pessoa, não sou?
Lembrei-me, lembrei-me, lembrei-me
A minha dor já passou, não passou?
Fernando, responda pessoa, por quê?
Alberto, responda ciclano, pra quê?
Isso já está desgastado demais,
Tudo já passou pra frente e voltou pra trás.
Que desgastante é viver e sempre querer mais!
Se a vida não é honesta, por que é que dela eu corro atrás?
Responda, responda, responda
Por quê?
Esqueci-me, esqueci-me, esqueci-me
Pra quê.
Eu sou outra pessoa, não sou?
Lembrei-me, lembrei-me, lembrei-me
A minha dor já passou, não passou?
Fernando, responda pessoa, por quê?
Alberto, responda ciclano, pra quê?
Isso já está desgastado demais,
Tudo já passou pra frente e voltou pra trás.
Que desgastante é viver e sempre querer mais!
Se a vida não é honesta, por que é que dela eu corro atrás?
Responda, responda, responda
Por quê?
Esqueci-me, esqueci-me, esqueci-me
Pra quê.
Excesso dos Seres Internos
Piedade, não há motivo para me olhares assim.
A vida é mesmo difícil... do começo ao fim!
Desespero, não espere que eu me aposse de ti.
Teu corpo é apático e livre da partícula que acometi!
Ora Alegria, pra quê ser tão extrovertida?
Contenha-se e deixe um pouco de energia para a tristeza vendida.
Ódio, o que é isso?
Às vezes você é tão cruel que extermina a minha vontade de estabelecer um compromisso!
Ânsia, deixe que as pessoas vivam calmamente!
Afinal, tua pressa apenas fere tua própria mente...
E Esperança... tu és a mais amada!
Ao mostrar-nos o bom lugar chamado Futuro, mostra ser a amizade mais compartilhada!
A vida é mesmo difícil... do começo ao fim!
Desespero, não espere que eu me aposse de ti.
Teu corpo é apático e livre da partícula que acometi!
Ora Alegria, pra quê ser tão extrovertida?
Contenha-se e deixe um pouco de energia para a tristeza vendida.
Ódio, o que é isso?
Às vezes você é tão cruel que extermina a minha vontade de estabelecer um compromisso!
Ânsia, deixe que as pessoas vivam calmamente!
Afinal, tua pressa apenas fere tua própria mente...
E Esperança... tu és a mais amada!
Ao mostrar-nos o bom lugar chamado Futuro, mostra ser a amizade mais compartilhada!
Descrença
Tantos números, tantas verdades
E eu sempre me preocupei em desvendar as precariedades!
Por que é que a vida tem que ser assim?
Um átomo, um orbital e a morte no fim?
Um complexo tridentado, uma molécula octaédrica.
A letra: a verdade. O número: a dica!
Por meio dele não se chega a lugar algum!
Por meio dele eu vanglorio o nenhum!
Meu livro amado, por que é que tens que ser tão distante?
Minha escrita adorada, por que é que não pode ser só amante?
Química, és ainda tão criança...
Percorrer por ti é abalar toda uma crença.
Por que é que tudo tem que ser assim?
Por que é que a vida termina no fim,
Se é na experiência que eu fortaleço a minha ideia
E é na descrença que eu refaço a minha estreia?
E eu sempre me preocupei em desvendar as precariedades!
Por que é que a vida tem que ser assim?
Um átomo, um orbital e a morte no fim?
Um complexo tridentado, uma molécula octaédrica.
A letra: a verdade. O número: a dica!
Por meio dele não se chega a lugar algum!
Por meio dele eu vanglorio o nenhum!
Meu livro amado, por que é que tens que ser tão distante?
Minha escrita adorada, por que é que não pode ser só amante?
Química, és ainda tão criança...
Percorrer por ti é abalar toda uma crença.
Por que é que tudo tem que ser assim?
Por que é que a vida termina no fim,
Se é na experiência que eu fortaleço a minha ideia
E é na descrença que eu refaço a minha estreia?
domingo, 16 de maio de 2010
Confiança
Sampaio tinha vinte e seis anos e desde criança era viciado em algo que não apetecia seus progenitores. Eles desejavam ter a presença de um adorado médico na família, mas acabaram tendo um mero viciado em números, chamado pela crise de economista. Sampaio já nascera um homem frio, julgava desnecessário qualquer contato físico, não importava-se em manter relações sociais e mais do que nunca desejava comprar uma ilha deserta,mesmo que fosse no meio da cidade.Conhecera a enfermeira Cibele ao conseguir um emprego no setor financeiro de um hospital;ele entrevistara centenas de moças,mas apenas aquela era ardente o suficiente para fazê-lo errar nas contas.
Cibele foi designada para permanecer no quarto de Jaime, um jovem de dezessete anos. Ela deveria contar-lhe o que acontecera aos seus pais e controlá-lo quando ele percebesse a sua deficiência, cuja causa havia sido a mediocridade humana. Seu pai, amado e respeitado pela bíblia, cortou-lhe os braços quando o justo filho interpôs-se entre a mão de seu gerador e a face da mulher mais santa da terra. O cheiro do sangue alucinógeno misturou-se aos apelos guturais da mãe, fazendo com que Jaime acordasse na cama de um hospital. As retinas não ajudavam e suas pernas latejavam. Foi assim que o jovem ouviu apavorado uma enfermeira contar-lhe a sua própria história. O pai, condenado pela bíblia, espancou as pernas do filho enquanto a mãe corria para a rua clamando por socorro, mas logo o amado marido rasgaria as suas cordas vocais... para sempre.Ele já fora preso e logo a comoção da massa condenaria-o a trinta e cinco anos de clausura.A mãe estava sendo lavada,vestida com um belo vestido de seda que nunca usara e logo receberia uma fraca maquiagem.
Sampaio teve que conhecer Jaime após dois meses de sua estadia no hospital. O jovem perdera a única família que possuía e o setor financeiro encontrava-se em um impasse: ceder à solidariedade humana, tratando gratuitamente do novo deficiente ou transferi-lo a um hospital público. Sampaio cedeu não apenas à solidariedade mas primeiramente aos números,já que tratar gratuitamente de um deficiente era uma feliz publicidade.Assim,Cibele continuou sendo a principal enfermeira de Jaime,conservando por ele uma simpatia.
Jaime conversava pouco com Cibele, apesar de vê-la todo o tempo que passava acordado. A moça era bem solitária e apenas ouvia seus lamentos, limitando-se a opinar de vez em quando. Mas, apesar disso, o coração do rapaz tornou-se verdadeiramente dela e a visão de ambos, trocando juras de amor, o fez ter vontade de viver. Cibele, indiferente, não confiava em ninguém, por isso não apaixonava-se,mas via em Sampaio o parceiro ideal para o cumprimento de suas necessidades biológicas.Então,o desejo e a necessidade misturaram-se,Sampaio e Cibele,o casal secreto do hospital.Não houve encontros,nem rodeios,as palavras trocadas foram claras e simples,pronto.Mas Cibele era como Capitu com seus olhos de cigana oblíqua,despertava algo inumano nos homens e fez o mesmo com Jaime,sem ao menos perceber.
Com um ano de deficiência, as pernas de Jaime já não mostravam nenhum sinal de violência, apenas os seus braços permaneciam ausentes. Naquela manhã ele diria à Cibele que amava-a e pediria-a em casamento.Sim,o jovem era sonhador e,portanto,precipitado,mas ninguém podia tirar aquele sentimento de suas entranhas.Naquela hora a moça estaria no refeitório e ele iria surpreendê-la,expondo,enfim,toda a sua motivação de viver.Mas a moça não estava lá,então ele foi perguntar a Sampaio a localização dela,afinal Sampaio era gentil com ele.Então Jaime presenciou não só um cena anti-ética,mas o ato que desgraçou a sua existência.Sampaio e Cibele amavam-se na sala,esquecendo-se da existência do deficiente.Jaime já fora forte demais,não iria aguentar perder mais uma pessoa amada.Não restou-lhe opção,era a Seleção Natural escolhendo o calculista e restava a Jaime a janela,larga e aberta.Então ele foi corajoso pela segunda vez em sua vida e correu,abusando de suas pernas sadias.Conseguiu pular do quinto andar sem que ninguém o impedisse.A cena da tragédia brasileira repetia-se,o rubro sangue lavando a calçada,um menino sem braços esmagado e a imprensa lucrando.As donas-de-casa chorariam naquele dia,mas logo confiariam demais em seus lúcidos esposos.
Cibele foi designada para permanecer no quarto de Jaime, um jovem de dezessete anos. Ela deveria contar-lhe o que acontecera aos seus pais e controlá-lo quando ele percebesse a sua deficiência, cuja causa havia sido a mediocridade humana. Seu pai, amado e respeitado pela bíblia, cortou-lhe os braços quando o justo filho interpôs-se entre a mão de seu gerador e a face da mulher mais santa da terra. O cheiro do sangue alucinógeno misturou-se aos apelos guturais da mãe, fazendo com que Jaime acordasse na cama de um hospital. As retinas não ajudavam e suas pernas latejavam. Foi assim que o jovem ouviu apavorado uma enfermeira contar-lhe a sua própria história. O pai, condenado pela bíblia, espancou as pernas do filho enquanto a mãe corria para a rua clamando por socorro, mas logo o amado marido rasgaria as suas cordas vocais... para sempre.Ele já fora preso e logo a comoção da massa condenaria-o a trinta e cinco anos de clausura.A mãe estava sendo lavada,vestida com um belo vestido de seda que nunca usara e logo receberia uma fraca maquiagem.
Sampaio teve que conhecer Jaime após dois meses de sua estadia no hospital. O jovem perdera a única família que possuía e o setor financeiro encontrava-se em um impasse: ceder à solidariedade humana, tratando gratuitamente do novo deficiente ou transferi-lo a um hospital público. Sampaio cedeu não apenas à solidariedade mas primeiramente aos números,já que tratar gratuitamente de um deficiente era uma feliz publicidade.Assim,Cibele continuou sendo a principal enfermeira de Jaime,conservando por ele uma simpatia.
Jaime conversava pouco com Cibele, apesar de vê-la todo o tempo que passava acordado. A moça era bem solitária e apenas ouvia seus lamentos, limitando-se a opinar de vez em quando. Mas, apesar disso, o coração do rapaz tornou-se verdadeiramente dela e a visão de ambos, trocando juras de amor, o fez ter vontade de viver. Cibele, indiferente, não confiava em ninguém, por isso não apaixonava-se,mas via em Sampaio o parceiro ideal para o cumprimento de suas necessidades biológicas.Então,o desejo e a necessidade misturaram-se,Sampaio e Cibele,o casal secreto do hospital.Não houve encontros,nem rodeios,as palavras trocadas foram claras e simples,pronto.Mas Cibele era como Capitu com seus olhos de cigana oblíqua,despertava algo inumano nos homens e fez o mesmo com Jaime,sem ao menos perceber.
Com um ano de deficiência, as pernas de Jaime já não mostravam nenhum sinal de violência, apenas os seus braços permaneciam ausentes. Naquela manhã ele diria à Cibele que amava-a e pediria-a em casamento.Sim,o jovem era sonhador e,portanto,precipitado,mas ninguém podia tirar aquele sentimento de suas entranhas.Naquela hora a moça estaria no refeitório e ele iria surpreendê-la,expondo,enfim,toda a sua motivação de viver.Mas a moça não estava lá,então ele foi perguntar a Sampaio a localização dela,afinal Sampaio era gentil com ele.Então Jaime presenciou não só um cena anti-ética,mas o ato que desgraçou a sua existência.Sampaio e Cibele amavam-se na sala,esquecendo-se da existência do deficiente.Jaime já fora forte demais,não iria aguentar perder mais uma pessoa amada.Não restou-lhe opção,era a Seleção Natural escolhendo o calculista e restava a Jaime a janela,larga e aberta.Então ele foi corajoso pela segunda vez em sua vida e correu,abusando de suas pernas sadias.Conseguiu pular do quinto andar sem que ninguém o impedisse.A cena da tragédia brasileira repetia-se,o rubro sangue lavando a calçada,um menino sem braços esmagado e a imprensa lucrando.As donas-de-casa chorariam naquele dia,mas logo confiariam demais em seus lúcidos esposos.
Sofrimento e Desespero
José Sofredor da Silva parou de estudar para trabalhar como pedreiro,assim como seus antepassados,pois sua família implorava por alimento e alegria. Aos quinze anos teve sua castidade violada por filhos bêbados da classe alta. Aos trinta anos, já caquético, conheceu Maria Desespero Santos, uma nordestina que morava na favela, assim como ele. Após alguns encontros em lugares baratos, Sofredor e Desespero casaram-se, não por amor, mas apenas para terem as suas necessidades biológicas cumpridas. Sofredor perdeu o emprego e, para piorar, Desespero estava grávida de gêmeos, então tiveram que se mudar da casa para um barraco no morro da favela.
Sofredor era sempre surpreendido por traficantes que queriam transformá-lo em um deles, mas como era honesto, nunca aceitava. Então, dias depois da família se mudar para o barraco, Sofredor resolveu procurar outro emprego, de qualquer outra coisa. Após um longo dia de procura sem respostas, Sofredor volta para seu barraco e se depara com a cena de sua mulher aos berros, extremamente nervosa, pois fora estuprada pelo maior traficante da favela. Sofredor tenta acalmá-la, mas diz apenas sons guturais misturados a sua aflição. Ele deseja pegar a faca mais afiada que possui e enfiá-la no estômago do traficante, mas Desespero (pobre Desespero!) conta-lhe um plano que ele aparentemente discorda, mas depois, pensando melhor, vê que sua mulher expôs a solução. Desespero é demitida no dia seguinte, pois sua patroa não quer uma negra grávida trabalhando em sua casa.
Sofredor, seguindo o plano de sua mulher, vira um traficante, aprende a atirar e logo começa a testar sua nova habilidade em corpos inocentes. Ele nunca ganhara tanto dinheiro em toda a sua vida. Seus filhos nasceram e cresceram tendo o leite de cada dia. Desespero não reconhecia mais Sofredor, mas, apesar de não concordar com as suas ações, adorava o dinheiro que ele levava para a casa. Assim os anos passaram, Desespero cuidava dos filhos e Sofredor tentava poupar a sua alma. Ele,assim como Desespero,nunca vira a justiça ser feita na Terra, pelo menos para os pobres, que eram sempre massacrados pelos esnobes ricos. Estava tudo muito bem, apesar de Sofredor derramar tanto sangue ingênuo todos os dias, mas tudo o que é bom dura pouco e não acaba cedo.
Um grande tráfico havia chegado à favela e seria distribuído para a cidade pelos traficantes, que só queriam garantir o seu lugar no mundo. Então,quando todos estavam reunidos,a polícia invadiu a favela em grande número, caçando os traficantes e suas famílias. Sofredor sabia que morreria se lutasse, pois não era tão bom quanto os outros. Seu coração batia aceleradamente. Pensou em toda a sua vida, em toda a injustiça que sofrera, em todo o sofrimento que ganhara. Largou as armas e correu para o seu barraco, em meio ao tiroteio. Tirou sua mulher e seus filhos de lá, estavam todos descendo o morro, quando três policiais começaram a persegui-los. Ouviu três tiros e o impacto na cabeça dos dois filhos e da mulher. Virou-se e viu a cena que desgraçou a sua vida, o rubro sangue jorrava, imaculando a terra. Sofredor pensou em ficar e morrer ali, como as pessoas que mais amava, mas fugiu, talvez por medo ou talvez por esperança, que era tudo o que tinha sobrado a ele. Conseguiu sair com vida e foi para outra favela, em busca de mais sangue, de mais justiça, pois a terra dava o sangue... e ele fazia a justiça.
Sofredor era sempre surpreendido por traficantes que queriam transformá-lo em um deles, mas como era honesto, nunca aceitava. Então, dias depois da família se mudar para o barraco, Sofredor resolveu procurar outro emprego, de qualquer outra coisa. Após um longo dia de procura sem respostas, Sofredor volta para seu barraco e se depara com a cena de sua mulher aos berros, extremamente nervosa, pois fora estuprada pelo maior traficante da favela. Sofredor tenta acalmá-la, mas diz apenas sons guturais misturados a sua aflição. Ele deseja pegar a faca mais afiada que possui e enfiá-la no estômago do traficante, mas Desespero (pobre Desespero!) conta-lhe um plano que ele aparentemente discorda, mas depois, pensando melhor, vê que sua mulher expôs a solução. Desespero é demitida no dia seguinte, pois sua patroa não quer uma negra grávida trabalhando em sua casa.
Sofredor, seguindo o plano de sua mulher, vira um traficante, aprende a atirar e logo começa a testar sua nova habilidade em corpos inocentes. Ele nunca ganhara tanto dinheiro em toda a sua vida. Seus filhos nasceram e cresceram tendo o leite de cada dia. Desespero não reconhecia mais Sofredor, mas, apesar de não concordar com as suas ações, adorava o dinheiro que ele levava para a casa. Assim os anos passaram, Desespero cuidava dos filhos e Sofredor tentava poupar a sua alma. Ele,assim como Desespero,nunca vira a justiça ser feita na Terra, pelo menos para os pobres, que eram sempre massacrados pelos esnobes ricos. Estava tudo muito bem, apesar de Sofredor derramar tanto sangue ingênuo todos os dias, mas tudo o que é bom dura pouco e não acaba cedo.
Um grande tráfico havia chegado à favela e seria distribuído para a cidade pelos traficantes, que só queriam garantir o seu lugar no mundo. Então,quando todos estavam reunidos,a polícia invadiu a favela em grande número, caçando os traficantes e suas famílias. Sofredor sabia que morreria se lutasse, pois não era tão bom quanto os outros. Seu coração batia aceleradamente. Pensou em toda a sua vida, em toda a injustiça que sofrera, em todo o sofrimento que ganhara. Largou as armas e correu para o seu barraco, em meio ao tiroteio. Tirou sua mulher e seus filhos de lá, estavam todos descendo o morro, quando três policiais começaram a persegui-los. Ouviu três tiros e o impacto na cabeça dos dois filhos e da mulher. Virou-se e viu a cena que desgraçou a sua vida, o rubro sangue jorrava, imaculando a terra. Sofredor pensou em ficar e morrer ali, como as pessoas que mais amava, mas fugiu, talvez por medo ou talvez por esperança, que era tudo o que tinha sobrado a ele. Conseguiu sair com vida e foi para outra favela, em busca de mais sangue, de mais justiça, pois a terra dava o sangue... e ele fazia a justiça.
O Riso Brutal
O desespero entra em minhas veias.
Meu coração, em forma de um punho fechado, acelera.
Pobre garota que possui um egoísta coração.
Meus pés movem-se desesperadamente.
Meus lábios batem-se no peito do psicopata.
Ele ri.
Eu não grito,pois conheço a mente maldosa das pessoas.
Controlo os meus sentimentos.
O humano conta-me,através de sons guturais,todos os seus assassinatos.
Meus doces lábios contorcem-se de terror.
Eu corro.
Foi um erro.
Ele corre.
A faca,já enferrujada por ter cortado tanta carne,atravessa a minha costela,rasgando-a brutalmente.
Sinto a maior dor da minha vida.
Eu grito.
O segundo erro.
Ele adora ver o sofrimento refletido na retina das mulheres.
Vejo o rubro sangue.
Em seguida meus castos lábios são cortados com os dentes do humano.
Vazio.
Silêncio.
Meu corpo,minha doce e inocente castidade...
Tudo isso se resume a um crime.
Minha mente se confunde.
A sinapse se transforma em um sopro de vida.
Ouço a risada de satisfação dele.
Memorizo sua face.
Atormentada e dissimulada.
Minha mente se perde.
Meu corpo...
Dias depois uma típica senhora o vê.
A podridão é apenas o que resta.
A podridão exalada pela senhora.
Dias depois ela retorna ao humano.
Tudo retorna...
Meu coração, em forma de um punho fechado, acelera.
Pobre garota que possui um egoísta coração.
Meus pés movem-se desesperadamente.
Meus lábios batem-se no peito do psicopata.
Ele ri.
Eu não grito,pois conheço a mente maldosa das pessoas.
Controlo os meus sentimentos.
O humano conta-me,através de sons guturais,todos os seus assassinatos.
Meus doces lábios contorcem-se de terror.
Eu corro.
Foi um erro.
Ele corre.
A faca,já enferrujada por ter cortado tanta carne,atravessa a minha costela,rasgando-a brutalmente.
Sinto a maior dor da minha vida.
Eu grito.
O segundo erro.
Ele adora ver o sofrimento refletido na retina das mulheres.
Vejo o rubro sangue.
Em seguida meus castos lábios são cortados com os dentes do humano.
Vazio.
Silêncio.
Meu corpo,minha doce e inocente castidade...
Tudo isso se resume a um crime.
Minha mente se confunde.
A sinapse se transforma em um sopro de vida.
Ouço a risada de satisfação dele.
Memorizo sua face.
Atormentada e dissimulada.
Minha mente se perde.
Meu corpo...
Dias depois uma típica senhora o vê.
A podridão é apenas o que resta.
A podridão exalada pela senhora.
Dias depois ela retorna ao humano.
Tudo retorna...
sábado, 15 de maio de 2010
O meu Passado Passou?
Às vezes preferia não saber
Que Einstein existiu e era um gênio.
Tampouco gostaria de viver
Na precariedade desse milênio.
Ah, Chaplin, como gostaria de te ver
Ouvir o teu silêncio eterno e doce.
Queria ter visto a Revolução nascer
E por ela entregar o meu corpo à foice.
Machado de Assis eu queria ler
Mas presenciando lentamente o pensar das palavras.
Lispector eu queria saber fazer
Costurando sensivelmente o temor das desgraças.
A globalização assassinou
A calma, a beleza e a observação.
Foi quando o poeta proclamou:
-Acho que já vi de tudo, meu irmão!
Que Einstein existiu e era um gênio.
Tampouco gostaria de viver
Na precariedade desse milênio.
Ah, Chaplin, como gostaria de te ver
Ouvir o teu silêncio eterno e doce.
Queria ter visto a Revolução nascer
E por ela entregar o meu corpo à foice.
Machado de Assis eu queria ler
Mas presenciando lentamente o pensar das palavras.
Lispector eu queria saber fazer
Costurando sensivelmente o temor das desgraças.
A globalização assassinou
A calma, a beleza e a observação.
Foi quando o poeta proclamou:
-Acho que já vi de tudo, meu irmão!
Voo
O cheiro da chuva se instala em mim.
O verde das folhas sussurra pra mim:
“Vam’bora que agora é a hora do fim”.
Sem nada, correndo, eu parto enfim...
Me escondo,na terra,temendo o zunir
dos raios lá fora e dentro de mim.
Um pássaro avisto e começo a sorrir.
Sinal de que a água não será o nosso fim.
Mas vem, como gente, a nos amedrontar.
A menina aqui dentro só sabe sonhar.
Derruba a fúria nas casas sem fim,
esperançando adentrar em um coração de marfim.
Os raios solares consigo avistar.
A fúria do vento cansou de bailar.
Mas em meu coração um ar se instalou.
Foi o tempo, ingênuo, que o amor encontrou.
O verde das folhas sussurra pra mim:
“Vam’bora que agora é a hora do fim”.
Sem nada, correndo, eu parto enfim...
Me escondo,na terra,temendo o zunir
dos raios lá fora e dentro de mim.
Um pássaro avisto e começo a sorrir.
Sinal de que a água não será o nosso fim.
Mas vem, como gente, a nos amedrontar.
A menina aqui dentro só sabe sonhar.
Derruba a fúria nas casas sem fim,
esperançando adentrar em um coração de marfim.
Os raios solares consigo avistar.
A fúria do vento cansou de bailar.
Mas em meu coração um ar se instalou.
Foi o tempo, ingênuo, que o amor encontrou.
Escrever
Escrever é algo humano
Porém não tão insano
Quanto a vida que levamos
E o bem que maltratamos.
Escrever também é errar
Posto que todo o amar
É fruto do erro de um lúcido olhar.
Escrever é o erro em pessoa
Relatar loucamente é justamente o que magoa
A tal da felicidade em Lisboa.
Ninguém, alienado, pode escrever
Entretanto, todos os seres devem conhecer
Como é ter o poder daquela coisa chamada saber
Que a elite utiliza para se fortalecer.
Porém não tão insano
Quanto a vida que levamos
E o bem que maltratamos.
Escrever também é errar
Posto que todo o amar
É fruto do erro de um lúcido olhar.
Escrever é o erro em pessoa
Relatar loucamente é justamente o que magoa
A tal da felicidade em Lisboa.
Ninguém, alienado, pode escrever
Entretanto, todos os seres devem conhecer
Como é ter o poder daquela coisa chamada saber
Que a elite utiliza para se fortalecer.
Cega e Bonita
Vendem sua alma por um prestígio social
Apunhalam os amigos por um motivo banal
A elite, cega e bonita, abraça
O mulato que se queima na brasa
Sob os olhares dos burgueses
E para a alegria dos fregueses.
Cega e bonita, a sociedade caminha
Desprezando os mortais que ilumina
O vinho e a água são infinitos!
E padecem nas mãos dos desperdícios.
Afinal, quem com o descalço se importa?
Se ele não tem botas, só chacota...
A elite que evolua!
Pois, em termos de finura
O mulato ganha pela sua falta de brancura.
A água pura que dilua!
Os pensamentos embebidos pela rua
Apunhalam os amigos por um motivo banal
A elite, cega e bonita, abraça
O mulato que se queima na brasa
Sob os olhares dos burgueses
E para a alegria dos fregueses.
Cega e bonita, a sociedade caminha
Desprezando os mortais que ilumina
O vinho e a água são infinitos!
E padecem nas mãos dos desperdícios.
Afinal, quem com o descalço se importa?
Se ele não tem botas, só chacota...
A elite que evolua!
Pois, em termos de finura
O mulato ganha pela sua falta de brancura.
A água pura que dilua!
Os pensamentos embebidos pela rua
Numa noite tétrica sem lua.
Futuro
O desespero se aproxima
A rima torna-se escassa
A tremedeira evidencia
A valsa que é destroçada.
Os meses são testemunhas da desgraça
Que,inevitavelmente,toma conta de tua face.
Teus olhos são os assassinos da graça
Que termina por ser invadida pela mediocridade.
As retinas são sempre as culpadas
Por todo o mal que transmitem
Posto que são sempre ocultadas
Pelos hipócritas que fingem.
Os dias são sempre maculados
Pelos atos impuros
Diariamente assassinados
Pelos cidadãos sem futuro.
A rima torna-se escassa
A tremedeira evidencia
A valsa que é destroçada.
Os meses são testemunhas da desgraça
Que,inevitavelmente,toma conta de tua face.
Teus olhos são os assassinos da graça
Que termina por ser invadida pela mediocridade.
As retinas são sempre as culpadas
Por todo o mal que transmitem
Posto que são sempre ocultadas
Pelos hipócritas que fingem.
Os dias são sempre maculados
Pelos atos impuros
Diariamente assassinados
Pelos cidadãos sem futuro.
Psicologia Tépida
Catatônica,olhava
No fundo amava
A lazeira vital
Presente no riso brutal
Aos domingos sofria
Pelo televisor que sorria
Alienando os mortais
Sobre questões sociais
Por fim,todos os dias ia
Cumprir a sua cidadania
Alimentando os animais
No fundo amava
A lazeira vital
Presente no riso brutal
Aos domingos sofria
Pelo televisor que sorria
Alienando os mortais
Sobre questões sociais
Por fim,todos os dias ia
Cumprir a sua cidadania
Alimentando os animais
Das favelas estatais.
Victório Sarkis
He was kind, he was generous, A truly gentleman. He was my man, he was gorgeous, A real trust man. Great adventures we had toget...
-
Terminei há uma semana de ler Enquanto Agonizo e fiquei instigada a uma análise da obra de Faulkner e dos recursos literários utiliza...